quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Ernst Mayr

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Chegar aos 100 anos de idade é algo raro entre os seres humanos. Ainda mais raro é chegar a essa idade lúcido e saudável. Muito mais raro é completar um século de vida lúcido, saudável e com força e disposição suficientes para continuar brigando pelas próprias idéias. Trata-se de algo verdadeiramente excepcional e que deveria ser saudado por todos nós, mesmo quando não concordamos inteiramente com suas idéias...

Ernst Mayr (Kempten, Alemanha, 5 de Julho de 1904 - Bedford, Estados Unidos, 3 de Fevereiro de 2005) foi um biólogo de origem alemã que dedicou grande parte da sua carreira ao estudo da evolução, genética de populações e taxonomia. Descendente de diversas gerações de médicos, ele abriu mão da carreira e se voltou para o estudo da Zoologia, concluindo um doutorado na área apenas 16 meses depois de formado. Durante os anos 30 tomou parte de uma expedição à Nova Guiné e às Ilhas Salomão, onde estudou a fauna autóctone, especialmente a ornitológica.

Mayr era o derradeiro representante vivo de um grupo de grandes cientistas que trabalhou na sedimentação dos pilares de um edifício chamado Nova Síntese: a fusão da teoria ecológica da seleção natural com a teoria genética da herança particulada. Embora as duas tenham sido originalmente elaboradas em meados do século 19 - a primeira por Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913), a segunda por Gregor Mendel (1822-1884) - ambas permaneceram afastadas (e às vezes em conflito!) até as primeiras décadas do século 20. Foi a aproximação e a gradativa combinação dessas duas grandes teorias que resultou no surgimento da Nova Síntese - ou, como também costuma ser chamada, Teoria Sintética da Evolução ou Neodarwinismo.

Esse empreendimento foi fruto do trabalho de uma série de cientistas, incluindo os pioneiros (cujos trabalhos começaram a aparecer nas décadas de 1910-1930) Sewall Wright (1889-1988), Ronald A. Fisher (1890-1962) e J. B. S. Haldane (1892-1964), culminando mais tarde (décadas de 1930 e 1940) com os esforços de Julian S. Huxley (1887-1975), Theodosius Dobzhansky (1900-1975), Bernhard Rensch (1900-1990), George G. Simpson (1902-1984), G. Ledyard Stebbins (1906-2000) e, claro, do próprio Ernst Mayr.